quinta-feira, 22 de abril de 2010

Carlos Lacerda, de aliado a inimigo

Carlos Lacerda seria o nome natural se os militares escolhessem um civil para a presidência da República.
Ele foi de grande valia na conspiração.

Mas os 107 generais do "colégio eleitoral" do Exército no Conselho de Segurança Nacional queriam continuar no poder escolhendo um de seus pares.

As liberdades democráticas eram inadequadas para a realidade brasileira.

Sete meses após o golpe, no qual foi um personagem chave no governo do Rio, Lacerda formalizava o rompimento com os militares em discurso pela TV, na qualidade de chefe civil da oposição revolucionária.

A 9 de outubro era proibido pelo Conselho de Segurança Nacional de falar em rádio e TV.

Inconformado com os rumos "do movimento", em 67 Lacerda articulava com o próprio arqui- inimigo João Goulart o Pacto de Montevidéu, o mesmo que já firmara em novembro de 66 com o ex-presidente Juscelino em Lisboa.

No programa mínimo da chamada Frente Ampla estava uma Constituição democrática com a harmonia e independência dos poderes, a pluralidade partidária, o direito de greve e eleição direta para presidente da República.

A Frente Ampla foi proibida pelo ministério da Justiça em 5 de abril de 68 e Lacerda ameaçado com o AI 2 (que já tinha expirado...) se não se calasse.

A atividade política ficava assim proibida até a quem não teve os direitos políticos suspensos e por um decreto que não vigorava mais.

Em palestras pelo País em recintos fechados, Lacerda fazia também a defesa da Anistia e denunciava a política econômica adotada por Castelo Branco e Costa e Silva como antinacional.

A 13 de dezembro de 68 Lacerda era atingido pelo AI 5 e perdia os direitos políticos por 10 anos, só que ele morreu antes de recuperá-los.

Verbete

Carlos Frederico Werneck de Lacerda, (1914-77), jornalista e político, nasceu em Vassouras, Rio de Janeiro, a 30 de abril de 1914, e faleceu a 21 de maio de 77.
Fundou e dirigiu o jornal Tribuna da Imprensa, de oposição ao governo Getúlio Vargas. Ligado ao Partido Comunista na juventude. Deputado federal (55) e líder da oposição ao governo Juscelino Kubitschek (59), foi um dos líderes da União Democrática Nacional - UDN.
Governou o então estado da Guanabara (1960-65) e apoiou o golpe militar, rompendo depois. Liderou a "Frente Ampla", que procurou unir os opositores ao regime militar. Obrigado a se afastar da política, dedicou-se à sua Editora Nova Fronteira.

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