quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Persistência da Memória

Hoje é segunda-feira 31 de março de 2014, temos um dia lindo de sol e calor de fim de verão.

Em 31 de março de 1964, uma terça-feira de 50 anos atrás, o Brasil teve suspensa a liberdade e começou o período mais trágico e sanguinário de toda a sua história, tirando a escravidão dos africanos.

Por 21 anos seguidos, cidadãos foram presos, espancados, torturados e assassinados. Mulher grávida, criança, idoso, não se poupava ninguém na busca dos "criminosos de idéias" - todos os democratas que eram contra o regime militar.

Nesse meio século que passou, nunca se viu tanta análise, tanta investigação científica nas universidades para explicar os fatos políticos, sociais e econômicos de um período, mas toda a produção acadêmica mofa nas prateleiras das bibliotecas e o povo desconhece o que aconteceu naquele tempo.

Só uma pequena elite intelectual troca figurinha entre si e escreve mais uma tese para promoção na carreira. A interpretação da nossa história contemporânea é quase obra de ficção, só entendida pelos entendidos.

É um pacto pelo silêncio do equívoco que se alonga por várias décadas. Vamos a um exemplo. Diz-se que os criminosos da ditadura também foram anistiados.

Essa conversa do governo e dos políticos de que os torturadores foram anistiados é enganosa porque cada um dos anistiados teve o nome publicado no Diário Oficial. Uns foram anistiados quatro, cinco vezes porque tinham quatro ou cinco processos. O perseguido político que não tinha processo não foi anistiado.

E também torturador nenhum foi anistiado. Não saiu o nome dos torturadores em nenhum Diário Oficial afirmando que eles foram anistiados..

Nas ruas está a triste realidade. É preciso explicar às pessoas o que aconteceu décadas atrás, mas esse passado distante não desperta mais interesse.

Que fazer? Deixar as teses científicas e as memórias publicadas e por publicar mofarem nas prateleiras das bibliotecas. E torcer para que as cabeças totalitárias não saiam da penumbra até que tudo seja explicado.

Excerto do livro Historinhas do Brazil, disponível, na íntegra, no End:
Historinhasdobrazil.blogspot.com

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