quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Farsa da Transição para a Democracia

Com o fim dos atos institucionais surgiu uma nova estrutura partidária

A Arena dos militares mudou o nome para Partido Democrático Social, PDS.

O MDB assumiu o nome de Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB, abrigando democratas cristãos, liberais de várias nuances, social-democratas e outros.

As tendências mais marcantes da esquerda sairam do MDB para formar o PT, cujo eixo central era de sindicalistas de base (dos metalúrgicos do ABC paulista, bancários, petroleiros e setores desenvolvidos na resistência à ditadura).

Leonel Brizola perdeu a sigla PTB getulista para Ivete Vargas numa manobra da ditadura e criou o PDT, onde desenvolveu o seu projeto junto a setores nacionalistas tradicionais.

O quadro partidário da transição para a Democracia ficou assim: PDS, PMDB, PTB, PDT, PT.

A primeira campanha de envergadura dessas siglas foi participar do jogo para eleição indireta do primeiro presidente civil desde 64.

A exceção foi o PT que se recusou a participar como ator da encenação cujo roteiro era a Teoria do Autoritarismo da Escola Superior de Guerra. O PT acusou que o colégio eleitoral era um meio ilegítimo de eleição que violava a vontade popular.

Duas chapas concorreram para a sucessão do general Figueiredo.

O partido do governo, PDS, escolheu Paulo Maluf, que derrotou o indicado de Figueiredo Mario Andreazza praticando as velhas técnicas do clientelismo e da corrupção.

O malufismo foi repudiado pelo vice presidente da República Aureliano Chaves antes da votação no colégio eleitoral.

Ele, o presidente do PDS José Sarney e outros políticos decidiram apoiar a oposição e fundaram o Partido da Frente Liberal, PFL.

O PFL fez acordo com o PMDB, batizado Aliança Democrática, uma frente de partidos que governaria o pais na transição democrática.


Tancredo


Velhos políticos do regime militar passaram à oposição usando o antimalufismo como desculpa para se proclamarem "liberais" e "democratas", acompanhando Aureliano Chaves, José Sarney, Antonio Carlos Magalhães e outros.

Vários deles entraram diretamente no PMDB, engrossando sua ala moderada.
O candidato da Aliança foi Tancredo Neves, então governador de Minas, político moderado, ex-primeiro-ministro de João Goulart no curto regime parlamentar antes da instalação da ditadura.

A Aliança Democrática apresentou a chapa formada por Tancredo Neves para presidente e o recém-saído do PDS, José Sarney para vice.

Tancredo Neves participara discretamente na mobilização pelas diretas. Seu "realismo" e a tradição de político conciliador o deixaram à margem de uma campanha para ele impraticável, pela dificuldade em obter 2/3 dos votos no Congresso para alterar a Constituição, como queria o movimento Diretas Já.

O colégio eleitoral deu ampla vitória à chapa Tancredo-Sarney.

Na véspera da posse Tancredo caiu doente e o seu estado de saúde se agravava a cada dia. Fez-se a polêmica sobre quem deveria assumir o cargo: Ulysses Guimarães como presidente da Câmara ou Sarney. A dúvida: Sarney era vice de um presidente não empossado.

Após breve polêmica, José Sarney tomava posse,
algumas semanas após deixar a direção do partido
do regime militar e como
candidato da Oposição no lugar de Tancredo...


O clima de renovação da cerimônia desapareceu. A 21 de abril de 85 Tancredo morreu.

Dois anos bastaram para o povo se desencantar com o governo Sarney e com o rumo assumido pela transição política da ditadura para a Democracia.
.
(...ou seja, mudou tudo
para não mudar quase nada... )

Nenhum comentário:

Postar um comentário