quinta-feira, 22 de abril de 2010

Igreja de Libertação

A renovação proposta por João XXIII no Vaticano * coincidiu com a instalação do regime militar no Brasil. A ordem era deixar o rosário um pouco de lado e lutar por justiça social através da Teologia da Libertação.

Foi a resposta da Igreja Católica ao desafio representado pelos pobres, oprimidos, excluídos e marginalizados de toda a América Latina. Essa política foi discutida no Concílio Vaticano II (durou de 62 a 65) e colocada em prática no final da década.

A Teologia da Libertação propõe a conscientização, organização e libertação político-social, econômica e cultural de todos os submetidos a qualquer forma de opressão. Tenta unir o político à reflexão teológica fazendo da fé a dimensão pela qual se filtram as questões sociais.

Depois de se servirem do rosário e das passeatas
inspiradas em procissões católicas para manipular
a opinião pública em favor do golpe,
“nossos militares” tinham um mico nas mãos.

A reação veio violenta. A 27 de maio de 69 foi encontrado estraçalhado num matagal o corpo do padre Henrique, jovem discípulo do Arcebispo de Olinda e Recife D. Hélder Câmara, inimigo intocável e seguidor da Teologia da Libertação.

O próximo será Dom Adriano Hipólito, bispo de Nova Iguaçu, acusado de comunista por acolher perseguidos políticos: sequestrado, torturado e deixado nu pintado de vermelho no meio da rua a 22 de setembro de 76.

"Nossos militares" descontentes com a nova orientação da Igreja Católica lançavam bombas e pichavam a catedral de Nova Iguaçu (20/12/79).

A 4 de julho de 80 foi a vez de S. Paulo conhecer a fúria contra a bandeira dos direitos humanos empunhada pelos católicos. Nesse dia seria sequestrado e torturado o dr. Dalmo Dallari que faria uma saudação ao Papa João Paulo II em visita ao Brasil.

Vamos mostrar porque o regime ficou tão violento com a Igreja Católica brasileira.

A Teologia da Libertação analisa a divisão do poder econômico, político, ideológico e militar num mundo que exclui grande parte de seus habitantes.

Acusa de perverso um sistema que se sustenta pela degradação da qualidade de vida, opondo-se à lei fundamental do cristianismo: o amor e a solidariedade.

Crendo que o desafio moderno é formar uma consciência mundial, a teologia da libertação faz valer os direitos civis de favelados, desempregados, moradores da periferia, negros, operários, sem-terra, presos, índios, mulheres e organizações sindicais ou comunitárias.

Ou seja, era tudo o que os nossos generais da banda não queriam para o Brasil e para os brasileiros.

* João XXIII convocou o Concílio, morreu pouco antes da primeira sessão e foi sucedido por Paulo VI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário